Thursday, August 06, 2009

Ah, mas é só um jogo!!

Esta frase está na lista daquelas que precisamos repetir á exaustão, e talvez nem assim vamos acreditar! É só um jogo! Uma ova, pois só se for entre 2 equipes de gatebol na clinica de gerentologia da Liberdade!! Mas se for futebol, aí não tem como escapar da paixão!
E haja paixão!!! Já ouvi alguem explicar que o termo CAMPEÃO, derivado de campeonato (ou vice-versa) remete à antigas disputas em CAMPO. Coisa da Idade Média, ou anterior. Enfrentavam-se no campo de batalha, em sucessivas disputas, representantes de dois países (ou tribos, grupos, familias) até que um deles, após obter vitórias sobre os seus oponentes, era proclamado CAMPEÃO, ou seja, o ganhador do CAMPO (de batalha). Assumia o controle do campo, era o campeão.
Com o passar dos séculos, tais disputas jamais foram esquecidas, mesmo tendo a civilização outros meios de resolver suas diferenças. Os atuais campeonatos de futebol nacionais europeus, bem como os sul-americanos, e ultimamente até asiáticos e africanos, estão servindo para as “torcidas” extravasarem a tensão!! E tome tensão nos dias de hoje. No trabalho, no trânsito, a insegurança nas ruas, a roubalheira generalizada dos políticos, a escola incompetente, a saúde pública caótica, a imprensa conivente e mentirosa, etc.. etc.
Certamente os sociólogos falariam da necessidade (gerada por insegurança possivelmente), que cada indíviduo tem de fazer parte, pertence a algo, a um grupo enfim. As atuais gangs urbanas podem muito bem se encaixar nisto. E as torcidas de futebol seguem o mesmo modelo. Acolhem, abringam-se mutuamente nelas individuos com necessidades parecidas. Nem que seja a torpe necessidade de praticar violencia na saída dos estádios!!
Não tenho a pretensão de entender, nem tampouco explicar a passionalidade e a irracionalidade do futebol!! Aliás, eu próprio, sendo torcedor antigo de futebol, ainda estou tentando entender porque só bem recentemente descobri (ou senti ou percebi, talvez conclui e mesmo sucumbi) que sou torcedor da Juventus da Itália. Não me perguntem o que eu tenho em comum com Torino!! Se fosse por afinidade, deveria escolher um time de Milano, de Firenze, ou a Reggina que é da terra dos Donatos.... mas o futebol deve também ter razões que a razão desconhece. Depois de assumir este amor, que não deve ser novo não, me lembrei dos scudeti anulados na Justiça. Ainda bem que já voltei a um estado de espirito que me permite viver além dos limites do politicamente correto, acima do patrulhamento ideológico dos últimos tempos... Ademais, que culpa teria a torcida (que me antecede neste caso) das falcatruas praticadas por dirigentes, arbitros, jogadores, todos corruptos? Da mesma maneira que não dá pra abrir mão de ser brasileiro, apesar das mazelas e falsetes dos figurões, não dá pra deixar de ser tiffosi da Juve. Um pouco de vergonha (bem interna ehehe), pois rubror não combina com o branco e preto do time. Mas ainda sobra o amarelo dos detalhes da maglia e do distintivo, mas sabe como é, né? amarelo é o sorriso para explicar as coisas sem explicação nesta vida...
Pois então, pode ser que aí esteja o possivel primeiro ponto em comum com a Juventus: o alvinegro do uniforme me lembra o meu SFC.
Mas afinal, sendo descendente de italianos, é normal me manter informado em geral sobre a pátria de meus nônos, e tambem escolher um time para torcer. Mesmo ignorando totalmente as preferencias futebolisticas de meus ancestrais, vou me aventurando sózinho por tão nebuloso terreno!!
Com a planetarização do futebol, (fugindo da globalização, eheheh) e a ditadura da imprensa esportiva, ficou muito fácil admirar o melhor futebol mundial a cada fim de semana. Podemos todos, nos mais remotos povoados brasileiros, estando devidamente calibrada a alça de mira dos satélites, nos submeter ao ritual de babar e aplaudir, diante das telas, a cada gol espanhol de um craque camarones, (ou seria nigeriano, ou talvez senegales), marcado em um goleiro tcheco defendendo as cores de um time ingles!! O interessante é que o goleador, o defensor, os times, estão todos seguramente entre os melhores do planeta. Figuram entre os maiores salários e orçamentos esportivos da Terra. Então, não dá pra não ver!!
Torna-se então facil desenvolver uma certa simpatia por alguma esquadra neste cenário mundial. A TV oferece o campeonato alemão, e lá vou eu assitir. Não deu ibope, troca pelo Italiano, pelo Ingles, uma liga de primeira linha. Aliás assisto porque gosto de futebol. Independente de ser torcedor das equipes envolvidas. Acho que pertenço a uma minoria, que se realiza ao ver uma boa partida. E mesmo nas ruins, temos sempre algum proveito para as piadas do dia..... E ai vem mais uma pista sobre como alguem se torna torcedor de times estrangeiros: ao acompanhar as informações do dia-a-dia do clube, a simpatia inicial vai virando empatia!! Coitadinhos, como eles vão poder enfrentar o gigante Tal sem o goleador machucado??? Pronto, ja viramos um torcedor sem talvez nem notar!! Passamos de simples expectadores para simpatizantes e daí para torcedores!!!
Aliás, a tal ditadura dos programas esportivos brasileiros, para fazer média com o público de outros estados, busca quase sempre valorizar a torcida por outras equipes, em outros estados. Estimula sempre a escolha de um segundo e até terceiro time.
Tem se tornado normal , por exemplo, alguém ser Botafogo no Rio, e torcer pelo Gremio no Sul.
Aliás, os cariocas sempre foram categóricos quando me apresentavam a algum amigo: este é fulano, mora no Méier e é flamengo, ou siclano, mora em tal lugar e é fluminense., isto meio que faz parte da identidade do carioca em geral, acho muito interessante. Sem saber, eles estão demarcando territórios desta maneira! E me apresentavam invariavelmente assim: Este é o meu amigo Donato, ele é paulista, e torce pelo Santos!! Pronto minha identidade estava revelada, o interlecutor sabia exatamente com quem estava falando!!
E lá no Rio descobri uma grande quantidade de cariocas, principalmente botafoguenses que torciam pelo Santos em São Paulo. Fazendo as devidas ressalvas, do tipo bem definitivo: Não sou paulista, mas lá eu torço pelo Santos, sabe como é, a cidade é praiana como aqui, tem o Pelé, a equipe é mundialmente famosa, etc..
Já aqui no interior de São Paulo, o mais comum é o torcedor afirmar que em primeiro lugar torce pelo time da cidade, mas, ninguém é de ferro, né, então torçe também pelo Corinthians, Palmeiras, ou outro grande. O principal motivo apresentado é de que o nosso time da cidade jamais irá disputar o Campeonato Brasileiro da primeira divisão, portanto, para não ficar sem torcer por ninguém em disputas tão glamurosas, escolhi o time tal.
Então quer dizer que é normal torcer por um time, e ter outros como segunda ou terceira paixão? Não seria motivo de divórcio?
Então, eis que eu me vi raciocinando, racionalizando, para tentar definir se em Minas eu deveria ser Cruzeiro (mais forte no cenário mundial) ou Atlético, (maior ganhador local). Uma dúvida nunca resolvida. Nunca achei motivo para torcer por nenhum dos dois!!! E em Ribeirão Preto? Comercial ou Bota? Quando morei em Limeira, simplesmente ignorei a Internacional e o Independente e a inglória disputa entre ambos pela ninharia local!!
Já no Rio então, sabendo da abertura que o Vasco deu aos atletas negros décadas antes dos demais, poderia muito bem ser vascaino, mas aí tinha o tal EuRico, e simplesmente não poderia conviver com aquela figura. Já o Botafogo, me atraia muito, pois tivera em suas fileiras alguns dos maiores craques brasileiros na era de ouro do futebol brasileiro, Garrincha, Nilton Santos, Didi, mas logo soube que fora tambem o clube que mais explorara a saude dos seus jogadores, nunca oferecendo contratos bons, então pronto, assim não dá ... O Fluminense é elitista demais, e o Flamengão, ao contrário, religião já tenho, não quero compromisso com eles... Mais um nó não desatado. No Rio Grande do Sul, simpatizei sempre um pouco mais com o Inter, por ser uma equipe mais formadora de grandes craques durante a minha juventude, enquanto achava que o Gremio seria um dos times mais argentino do futebol brasileiro!!
Pontinho para o Inter. Aliás soube recentemente que o clube foi fundado por uma familia de paulistas que se mudou para Porto Alegre no inicio do séculoXX, e apesar da minha amizade com os Gnoato e outros gremistas, sempre sinalizei minha simpatia pelo Colorado dos Pampas. Mas nunca assumi que torcia por eles...

Assim, por exclusão, foi sobrando apenas o futebol internacional para eu me definir...... Aí então foi ficando mais claro: para que eu precisaria escolher um time uruguaio, ou inglês, ou paraguaio, ou de outros países sem maior identificação comigo?
Mas tinha (e tem) a Argentina! Ah, na Argentina vou ter que escolher alguém para torcer. O Boca, carrasco das equipes brasileiras, este não dá. O Estudiantes de La Plata, eterno rival anos 60 do meu Santos, também não, apesar da simpatia. Os mais novos não despertam a paixão necessária para ser um torcedor seguidor do time. Aparentemente o River Plate se encaixava bem, pois representa a força oposta ao Boca, tem camisa de peso e história internacional também.
E, desta maneira, resolvi que além do meu Santos no cenário nacional, a Ferrinha nas disputas locais, iria acompanhar e torcer pelo River, com sua camisa caracteristica, sua classe quase esquecida neste seculo, ambos iriam merecer minha torcida. E, claro, mais recentemente a Juventus de Turim. Ja tenho um time pra torcer na Liga dos Campeões, no campeonato italiano, além de um segundo time para a Libertadores da América., sempre que o Santos não estiver nela, que é bastante, pois disputamos 11 das 50 edições da Libertadores.
Boa parte da violencia entre torcidas só ocorre por causa da mentalidade excesivamente bairrista das torcidas de um maneira geral. É como se as outras torcidas não tivessem o direito de existir. Agem movidos por um impulso de hegemonia, que nem suspeitam o que segnifica, a ponto de matar torcedores de outros times!! Mas se esquecem que a verdadeira razão da existencia de seu time, é exatamente a existencia de times adversários, para as disputas, para sobrepujá-los em campo. Sem os adversários não teria sentido a existencia de uma equipe esportiva. Alías, o termo adversário é muitas vezes substituido por inimigo!!! Um absurdo, nem na politica devemos encarar adversários como inimigos.
As vezes, ao conversar com conhecidos, mais jovens, geralmente, provoco espanto nos santistas quando falo da minha admiração pelas equipes do Corinthians que tenho visto em campo. Pelo espirito de luta que geralmente demonstram, apesar das dificuldades estão sempre buscando a superação, procuram não se deixar abater fácil. Aliás não só o time do Corinthians, outras equipe quando demonstram a mesma tenacidade, geralmente merecem meus aplausos. Acho que isto é deixar o fanatismo de lado. Afinal é só um jogo!! Mas completando, e para não perder a piada, digo sempre que até posso eventualmente gostar do time do cortinthians, mas, se tem algo que eu não suporto são dois corinthianos juntos!!!!
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