Thursday, July 05, 2012

Parabéns Corinthians, menos, menos corinthianos...

Bem, desde a minha infância o futebol exerce um peso importante no meu relacionamento com o mundo, o meu mundinho. Nasci (de boa família, como diria Néfi) cercado por Palmeirenses, influência natural da italianada. Desde que comecei a entender um pouco de futebol, para decepção do meu pai (acho, porque ele nunca reclamou), de meus tios, meu avô, primos e irmão, escolhi por conta própria torcer pelo time do Santos Futebol Clube. Naquela época, nós éramos apenas torcedores. Quanto determinado time ganhava, ou perdia, era o time, no máximo o clube quem ganhava ou perdia, ou empatava!! Não éramos nós, torcedores, mas sim o time em campo!!!! E a comemoração sempre acolhia nossos amigos, nossos familiares torcedores de outras equipes. Não havia a segregação de hoje em dia. Nem havia selvageria. A escolha de torcer por um ou por outro time sempre foi livre. Claro que haviam influências diversas, como por exemplo, raízes familiares, amizades no bairro, colegas na escola, mas principalmente ídolos, craques, jogadores que vestiam uma determinada camisa praticamente a vida toda. Esta fidelidade do jogador ao manto tinha um efeito fantástico sobre as torcidas. Estimulava a fidelidade do torcedor. Nos dias atuais isso já não é mais possível, pois os craques logo são vendidos, especialmente para o exterior, o que impede este mesmo mecanismo. Só para citar um único exemplo: eu sou fã incondicional do jogador Diego Ribas, garoto-prodígio, Menino da Vila, da famosa geração dos campeões brasileiros de 2002 pelo Santos. No ano seguinte, ele foi vendido muito jovem para o Porto, de Portugal, o que não me transformou automaticamente num torcedor do time azul. Poucos anos depois se transferiu para o futebol alemão, de lá para a Juventus na Itália, numa temporada horrível da Juve, de lá para outro time alemão, e desde o ano passado está na Espanha, no Atlético de Madrid, onde se sagrou campeão da UEFA. Não sou torcedor de nenhum destes times, com exceção da Juventus que escolhi para torcer e acompanhar os campeonatos europeus, mas sempre sigo as noticias sobre este craque. Assim como sou fã deste grande jogador, sou admirador de tantos outros, a maioria revelados na base do Santos, e sei de cabeça o roteiro que seguiram no exterior e aqui no Brasil na sua peregrinação em busca de fortuna e fama. No meu modo de ver as coisas, a admiração por um craque individual vem antes do ato de torcer por uma determinada camisa. Sendo assim, nada nos impede de torcer por determinado time, e saber reconhecer o talento de um craque, mesmo atuando por outro time! O mundo do futebol, na prática, assim como a vida em geral, é permeado de fatores lúdicos, pouco compreensíveis as vezes, e também de muita sujeira! E isto não é novo, nem exclusividade das gerações recentes. O que realmente me desagrada hoje em dia, é a forma como se relacionam as torcidas contrárias. Não agem como adversários, mas como inimigos. Coisa que nunca deveria existir no esporte. Ao optarem por uma determinada torcida, nem sempre levam em conta a história, o desempenho do time, a paixão pelo clube, mas se deixam levar por motivos menos nobres, como por exemplo, a necessidade de aceitação numa determinada galera, ou pior, numa gang! Como admirador convicto do futebol como esporte, sempre disse que admirava o desempenho dos times montados pelo Corinthians, o esforço individual, os resultados obtidos a partir de equipes tecnicamente inferiores, a garra e a superação, sem que isso me impeça de exercer minha torcida apaixonada pelo Santos Futebol Clube. Aliás, o Corinthians nem é historicamente o principal rival do Santos, na verdade esta posição cabe ao Palmeiras, quem sempre nos tomou pontos e títulos importantes, vide o Paulista de 1959! Ao Corinthians sempre coube o papel de coirmão, dadas as muitas semelhanças, desde origem humilde, parcos recursos financeiros, etc... e ainda o papel de nosso sparing, notadamente sob o Reino de Pelé. Portanto eu não me sinto no direito de para fazer chacota, desprezar, humilhar, ou desprezar outros clubes, muito menos seus torcedores, além das habituais brincadeiras normais, pelo prazer de torcedor quando sua equipe vence o adversário. Porém, diferente disto, alguns torcedores se especializaram em distorcer as coisas, tratando adversários como inimigos, esquecendo as regras de boa educação, da boa convivência com vizinhos, da coexistência dos povos, etc.. Algumas torcidas tem se notabilizado mundo afora pela agressividade, pelo destempero, e pela selvageria com que comemoram os ganhos de suas equipe. Casos específicos dos hooligans ingleses, os barra-braba argentinos, cujas manifestações publicas, a pretexto de comemoração, mas sob o formato de turbas, cujos atos fogem totalmente aos padrões de esportividade, frequentemente se transformam em barbáries criminosas. Aqui no Brasil, creio que todos os grandes clubes tem a sua parcela-quota de “torcedores delinquentes”, porém a multidão que se diz torcida do Corinthians tem simplesmente exagerado. Chegam ao absurdo de comemorar a derrota alheia com mais fervor do que brindam as conquistas próprias. Foi a dita torcida do Corinthians que inaugurou a besteira de torcer por times argentinos contra brasileiros, na década passada. Assim como também inventou a camisa de dois escudos com o mesmo objetivo, fundindo na mesma malha, de um lado, o seu time, do outro, um time inglês apenas para afrontar a torcida palmeirense!!! No facebook, eu convidei e aceite convites de pessoas boas. Todas, sem exceção. Pessoas com quem compartilho sentimentos de plena fraternidade religiosa, pessoas que possuem os mesmos ideais elevados que carrego no peito. Nunca patrulhei previamente a paixão futebolística ou clubista de cada um. Num mundo virtual como o FB, temos (tenho) que praticar uma versão muito elástica de tolerância, pois é sabido que nem todos pensam igual. Desde a minha afiliação ao FB, nos últimos 7 anos, o meu time chegou em 6 finais do campeonato paulista, tendo ganho 5 delas. Chegou em 2 semifinais da Libertadores, um vice campeonato Brasileiro, e nem por isso fiquei diminuindo e menosprezando os times adversários ou seus torcedores quando me manifestei festejando. Desejo vida longa a todos nós, para que possamos nos revezar nas comemorações. Ao Corinthians desejo sucesso, pois agora que achou o caminho (aliás, desde o inicio da Libertadores deste ano eu já presumia que eles seriam os campões) certamente voltará a vencer em breve. Ao Palmeiras, São Paulo, desejo o mesmo, que vencidos os conflitos internos, possam se reerguer e lutar de igual para igual em todas as futuras competições com o meu Santos, que sinceramente espero que progrida desde que a atual Diretoria supere esta fase de deslumbramento e tenha a humildade de entender que o clube fica, enquanto eles certamente passarão!!!