Friday, July 11, 2014

Saudades do Tio Paulo


Paulo Belotti, na foto acima tirada em sua residencia em Garça-SP, em 2013.  Com a Rebeca no colo, que aparentemente, por iniciativa própria (canina, mas própria!) trocara de dono nos últimos anos. Não é mesmo, Marines ???
Nos despedimos dele no dia 04 de Dezembro de 2013.
Boas lembranças ficarão comigo, nossos encontros sempre foram cheios de carinho, embalados pelo amor e bondade dele por nós, sobrinhos que morávamos longe! E ele sabia com certeza que nós o amávamos!
Nos veremos novamente quando o Senhor assim determinar.

Thursday, July 10, 2014

7 x 1 - Nem tragédia, nem apagão

Com minha compulsão por ler, acho que já devorei trocentos artigos explicando o inexplicável (segundo  Julio César, nosso goleiro e chorão-mor).  Acontece que eu vinha falando a todo mundo o que eu pensava sobre o Felipão e sua trupe: essa seleção não me representa, é a seleção dele, a famiglia Scolari, sem chegar perto do que é a verdade do futebol brasileiro! Então porque eu tenho que torcer compulsoriamente por esta seleção, se não a reconheço como uma legítima seleção brasileira? E nesta toada, encontrei muita gente que pensa como eu, também acabei lendo algumas bobagens, mas também coisas muito consistentes. As bobagens, não valem a pena serem citadas, mas de positivo posso citar, como exemplo o artigo na Folha de ontem do Vinicius Torres Freire, alinhavando com perfeição o que aconteceu com o futebol brasileiro, comparado ao descaso geral que é tratado a coisa publica no Brasil, entre outros.
Mas quero destacar um artigo do EL PAÍS (Espanha) do Correspondente no Rio,  José Sámano, com a visão crítica de um estrangeiro. Fantástico como ele enxerga a realidade do nosso futebol, a decadência de um patrimônio nacional. Ele identifica como um dos principais problemas, a europeização do futebol brasileiro, a substituição da alegria de jogar pela busca do resultado a qualquer custo!  E assim, ele confirma  a minha insatisfação com as duas últimas conquistas brasileiras em Copas, 1994 e 2002, quando ganhamos sem espetáculo. Me faz lembrar uma citação perfeita de outro fantástico pensador futebolístico, Mestre Eduardo Galeano, o meu uruguaio favorito: Antigamente os técnicos chamavam os jogadores para  treinar dizendo: Vamos Jogar! E os de hoje fazem isso dizendo: Vamos Trabalhar! Não sei se posso, mas segue abaixo um "copia/colar" do artigo O DESMATAMENTO DO BRASIL, em português, do jeito apareceu  na net, quase com sotaque ibérico! Boas reflexões a quem por acaso teve a paciência de me acompanhar, mas pra ser sincero, guardo aqui mesmo é pra meu prazer de reler sempre que quiser!!

O desmatamento do Brasil
A Canarinho deu início a um processo autodestrutivo depois de falhar em 82 com uma seleção fascinante

JOSÉ SÁMANO Rio de Janeiro 10 JUL 2014 - 11:20 BRT  El Pais  España

O estupor dos brasileiros após a incrível derrota diante da Alemanha pode se agravar se Scolari ou algum de seus superiores não corrigirem a situação imediatamente. As palavras póstumas do técnico foram ainda mais alarmantes que o 7 x 1, porque o futebol oferece a redenção por mais que agora a penitência possa repercutir. Ela será ainda mais dura se o problema não for diagnosticado logo, se ninguém se concentrar de forma adequada no erro fatal. Não parece que seja Scolari, que após a maior surra de todos os séculos, disse: “Este grupo está fazendo o caminho para o Mundial de 2018 na Rússia. De nossos 23 jogadores, 14 ou 15 estarão na Rússia. Foi uma derrota feia, horrível, a pior possível, mas ainda estamos caminhando na direção do futuro. Não tenho dúvida alguma nem me falta crédito”.
Por suas palavras pode-se deduzir que o futuro passa por aprofundar a scolarização e nessa teimosia por renegar os majestosos arquivos do futebol local. É alarmante que, após um acontecimento mundial de proporções desconhecidas, o instigador da mudança de padrões vislumbre que o futuro passe por aumentar a dose de mais do mesmo. Já excede a obstinação. O Brasil tem motivos para o pessimismo crônico se o caminho escolhido mais para a frente for Scolari e seus dirigentes insistindo em puxar pelo mesmo fio. Por essa vereda, a Canarinho só terá pela frente deserto e espinhos. O Brasil, seu futebol, está com um grave problema estrutural e em seu fascinante viveiro de sempre agora há bolor. Se existe um tesouro, deve ser um segredo de Scolari e seus coroinhas, porque a seleção se banalizou de tanto rastrear jogadores com sete caninos. Como se Beethoven tivesse passado ao estilo heavy metal.
No Brasil, nem em seus piores ciclos, houve um só Neymar. O de agora parece um talento à parte, como se fosse fruto de um pênalti casual. A deslealdade com o passado, com uma escola mítica, resultou numa fraude, numa ofensa à antologia de Leônidas, Pelé, Garrincha, Tostão, Zico, Ronaldo e tantos e tantos ídolos do melhor futebol jamais visto. Ganharam como ninguém, deliciaram o público e nunca perderam como agora. Os de hoje perderam como nunca e nos mataram de tédio. Um Brasil postiço, sem retrovisores, nada nativo.
O desmatamento começou a partir de 1982, quando o Brasil tropeçou com a Itália no estádio Sarrià e deixou o Mundial espanhol antes da hora, sim, mas nos ombros de torcedores de todo o planeta. Ali, a seleção Canarinho pôs em prática um diabólico plano para fazer frente a uma ameaça que existia apenas em sua imaginação. Aquele Brasil de Zico, Cerezo, Júnior, Falcão e Sócrates só tinha perdido um jogo, mas não o fervor popular, um troféu que transcende os placares porque só está ao alcance dos eleitos. Aquela seleção pegou fogo e, junto com a Hungria de 54 e a Holanda de 74, são os três melhores campeões da derrota na História.
Ninguém mereceu censura, tirando essa maldita bola tão traiçoeira. Longe de se gabar, o Brasil sofreu um doentio ataque de resultadismo, de prognóstico grave.
Insólito, os hierarcas do futebol brasileiro optaram por arrancar a parte mais florida de sua história e apostar em outros meios para justificar o fim. Mas será que não tinham mais motivos que ninguém para saber com quais meios tinham conseguido tantos fins sem ter que justificar nada? O principal, o dos malabaristas de praia, o que não tirava o sorriso da boca nem na final de todas as finais, o dos que faziam piadas com a bola sem por isso rebaixar nem um pouco seu físico fibroso, elástico e resistente. Em nenhum canto do planeta florescia mais, no entanto, chegaram os inquisidores.
O Brasil mandou seu passado para o lixo e quis se parecer com todos os outros. Não foi imediato, claro, porque a genética não se salva nem se altera em meia hora, mas começou a dar pistas. Na Copa do Mundo de 90 foi incorporado um defensor líbero, que então só era um pecado alemão e daqueles que só podem sobreviver com um amontoado na defesa e cruzando os dedos. Já foi uma chatice, embora de algum lamaçal dava para tirar algumas reputações como Alemão, Jorginho, Branco, Careca ou Muller. O problema é que Dunga já se mostrava como o símbolo do nada.
Quatro anos depois, nos Estados Unidos 94, ficou patenteado o invento do quadrado mágico, para desmaio de Didi, Gerson, Rivelino e companhia, que sempre foram mágicos sem geometrias. Aquela ortopedia consistia em dois centrais robustos e dois meias defensores como guardiães. Um deles era Dunga, o outro era o excelente, Mauro Silva, mas com o tempo sua estrela abriu o caminho para uma coluna de canseiras, uma heresia. Romário e Bebeto conseguiram chegar a brindar depois de uma final chatíssima. O Brasil caminhava na direção contrária à sua história, mas ainda tinha alguns recursos, como Ronaldo para chegar à final da França 98, ou a do próprio Fenômeno junto a Rivaldo e Ronaldinho, que colocaram Scolari no trono em 2002.
A imparável queda para a mediocridade engoliu Ronaldinho e Kaká em 2006. A deriva fez com que, na África do Sul, o peso do jogo recaísse sobre Kleberson, Felipe Melo e Gilberto Silva. Havia poucos apoios, mas o técnico Menezes, com o volante nas mãos, não conseguiu com o ouro em Londres 2012 e Scolari voltou a tempo de se proclamar o bravo vingador do Maracanazo, como um Felipão curtido pela Europa. A Copa das Confederações de 2013 foi uma miragem, por mais que a Brasil deixasse de joelhos uma Espanha com poucas pernas e a cabeça em outro lugar. A Copa do Mundo é outra história e as exigências são maiores.

No final da surra recebida da Alemanha, Scolari afirmou também que a própria seleção alemã fracassou em sua Copa de 2006 e na Eurocopa de 2008, mas manteve o grupo de jogadores. Tenta enganar, porque aquela Alemanha mergulhou no melhor de seu passado, no modelo de Overath e não se deixou tentar pela ideia de hercúleos atletas convertidos em jogadores com os pés deslocados. O resultado é esta brilhante geração criada e esperada, até voltar a uma final 24 anos depois. A Espanha, por seu lado, partiu de 2008 com o modelo definido e, apesar do baque nesta Copa, bendita traição a seu furioso e irrelevante passado. No Brasil, o passado era único, mas os Scolaris concorrem para governar o futuro. Isso é ainda mais inquietante que o 1-7. Um resultado traumático que deveria servir para impugnar para sempre o que o Brasil não é mais. A canarinha deve isso ao Brasil e ao futebol mundial, ao que seus antepassados fizeram tão bem. O de agora matava por ser uma úlcera e, desde a terça, por pena. O melhor consolo: visitar o Museu do Futebol brasileiro, a melhor futbolteca do mundo. Será que Scolari visitou?

Friday, July 04, 2014

Para Mariana

Para Mariana,
A citação que a Má postou recentemente no Face do lama  Chagdud Tulku Rinpoche (Tromtar, Tibete, 12 de agosto 1930  Três Coroas, 17 de novembro de 2002) me deixou bastante curioso sobre ele, tanto que fui pesquisar, principalmente para desfazer ou confirmar a impressão causada pela palavras ali contidas.
Descobri coisas interessantes sobre o Lama, que após viver peregrinando por diversos países fazendo discípulos para a sua linha do Budismo, escolheu viver numa paradisíaca região brasileira, na Serra Gaúcha, onde estabeleceu um majestoso Templo Budista, incomparável em terras ocidentais. Por aqui passou os seus últimos 7 anos de vida terrena. Suas cinzas repousam na terra natal, o Tibete. 
Segundo a Wikipedia, ele é um Lama da escola Nyingma de Budismo Vajrayana tibetano, reconhecido como o décimo-quarto renascimento do abade do mosteiro de Chagdud, o Chagdud Gonpa, no Tibete, possivelmente, um terton, isto é, um descobridor de tesouros da prática budista. 
Portanto um homem que nasceu e viveu propriamente apenas para praticar a sua religião.
E, isso parece ser uma grande contradição ao texto estrito da citação, que sugere uma interpretação desfavorável à religião, pois compara pessoas a cães adestrados. Na verdade, ele nem está desqualificando a religião e nem as pessoas.  Mas antes, incentivando as pessoas boas a serem melhores! Portanto o sentido em que esta citação esta sendo usada na Internet para desvalorizar a religião, e menosprezar pessoas religiosas, quando entendido à luz da vida e ensinamentos do Lama, cai por terra. Na mesma fonte onde a citação foi achada, posso citar uma outra, dele, que alarga o entendimento a respeito do que ele pensava sobre religião, abaixo:
A paciência é a maior amiga, pois ajuda a superar a raiva, a forma mais poderosa de desvirtude. Por outro lado, com o passar do tempo, aparentar paciência e ferver por dentro, guardando ressentimento, só trás mais dificuldades. Apesar de haver virtude no fato de refrearmos a expressão evidente da raiva, a verdadeira paciência é a ausência de raiva na mente.
Chagdud Tulku Rinpoche

De maneiras parecidas, nossas religiões, a dele e a minha, nos ajudam a expandir nossa mente e nossos sentimentos á uma dimensão bem maior, muito além da breve existência terrena. Nos incentiva a ser melhores em nosso dia-a-dia. Absolutamente não nos faz cães adestrados ao tentar viver de maneira mais elevada, mais digna perante nós mesmos, perante a parcela da Deidade que nasce conosco, perante nossos semelhantes. É preciso sensibilidade espiritual para discernir o que o Mestre Tulku propõe, para separar o joio do trigo.
Trata-se de um incentivo a elevados padrões de caráter, e não um desincentivo a religião! Ideias que nascem próximas, (ao negar a aparência e valorizar a prática), mas que se separam e seguem caminhos opostos!
Como o próprio nome dele sugere, sendo mais titulo do que nome - carregado de simbolismos, precisamos dar nó em aço!