Tuesday, November 11, 2008

Copiado do Manual Merk de Saude da Familia . . . .

Afinal o que faz um cidadão pacato e desinteressado (eu) por temas de saude em geral, se dar ao trabalho de ler um assunto tão especifico como este abaixo? No dia 25 de setembro último, quando soube pelo Antonio que o Carlão estava na UTI em COMA HEPÁTICO, vim procurar imediatamente na internet.
Só posso concluir que os tantos médicos que o atenderam nos ultimos anos nunca leram este artigo aqui na net. E parece que andaram cabulando aulas durante a Faculdade. Ou não prestaram atenção nos casos que acompanharam durante o periodo chamado de Residencia Médica. Ou não prestaram atenção no Carlão. E posso garantir que não foi por ele ser fácil de não se pecerber, em qualquer ambiente.
Pasmem crianças (David, Má, Carolzinha, Pity) e tentem não permitir que outro de nós fique tantos anos sem um diagnóstico decente.

Encefalopatia hepática

A encefalopatia hepática (também denominada encefalopatia do sistema porta, ou coma hepático) é uma perturbação pelo qual a função cerebral se deteriora devido ao aumento no sangue de substâncias tóxicas que o fígado devia ter eliminado em situação normal.
As substâncias que são absorvidas pelo intestino passam para o sangue através do fígado, onde são eliminadas as que são tóxicas. Na encefalopatia hepática, isto não acontece devido a uma redução da função hepática. Além disso, em resultado de uma doença hepática, podem ter-se formado conexões entre o sistema porta e a circulação geral, pelo que algumas destas substâncias tóxicas podem aparecer na circulação geral sem passar antes pelo fígado. Pode acontecer a mesma coisa quando se corrige uma hipertensão portal por meio de uma operação derivativa (bypass). Seja qual for a causa, a consequência é a mesma: as substâncias tóxicas podem chegar ao cérebro e afectar o seu funcionamento. Não se conhece exactamente quais as substâncias que podem ser tóxicas para o cérebro, mas parece desempenhar um certo papel a elevada concentração no sangue dos produtos procedentes do metabolismo proteico, como por exemplo o amoníaco.
Em pacientes que sofrem há muito tempo de uma doença hepática, a encefalopatia desencadeia-se, em geral, devido a uma infecção aguda ou ao excesso de bebidas alcoólicas, o que aumenta a lesão do fígado. Também se pode desencadear por causa da ingestão excessiva de proteínas, o que aumenta os valores no sangue dos produtos procedentes do metabolismo proteico. A hemorragia no tubo digestivo, como a que se deve à rotura de varizes esofágicas, também pode contribuir para a formação destes produtos e afectar directamente o cérebro. Certos medicamentos, especialmente alguns sedativos, analgésicos e diuréticos também podem originar encefalopatia. Quando se suprime a causa desencadeadora, a encefalopatia pode desaparecer.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da encefalopatia hepática são o resultado de uma função cerebral alterada, especialmente uma incapacidade de permanecer consciente. Nas primeiras etapas, aparecem pequenas mudanças no pensamento lógico, na personalidade e no comportamento. O humor pode mudar, e o juízo alterar-se. À medida que a doença avança, aparece sonolência e confusão e os movimentos e a palavra tornam-se lentos. A desorientação é frequente. Uma pessoa com encefalopatia pode agitar-se e excitar-se, mas não é habitual. Também são frequentes as convulsões. Finalmente, a pessoa pode perder o conhecimento e entrar em coma.
Os sintomas devidos à alteração da função cerebral numa pessoa com uma doença hepática fornecem informação importante para o seu diagnóstico. A respiração pode ter um odor adocicado; além disso, ao estender os braços não consegue manter as mãos imóveis, apresentando um tremor notório.
Um electroencefalograma (EEG) pode ajudar o diagnóstico precoce de uma encefalopatia. Mesmos nos casos leves, observam-se ondas cerebrais anormais. Em geral, as análises de sangue mostram concentrações anormalmente altas de amoníaco.
Tratamento
O médico procura e tenta eliminar todas as causas desencadeadoras, como por exemplo uma infecção ou a ingestão de um medicamento. Também elimina as substâncias tóxicas presentes nos intestinos, suprime as proteínas da dieta e administra hidratos de carbono por via oral ou intravenosa para que sirvam como fonte principal de energia. Um açúcar sintético (lactulose) administrado por via oral proporciona três vantagens: modifica a acidez no interior do intestino, mudando assim o tipo de flora bacteriana presente, diminui a absorção de amoníaco e actua como laxante (também se podem administrar clisteres evacuadores). Ocasionalmente, o paciente pode tomar neomicina (um antibiótico) em vez de lactulose; este antibiótico reduz a quantidade de bactérias intestinais que normalmente participam na digestão das proteínas.
Com o tratamento, a encefalopatia hepática melhora quase sempre. De facto, uma recuperação completa é possível, especialmente se a encefalopatia foi produzida por uma causa controlável. Contudo, nos comas graves provocados por uma inflamação agudo do fígado, a encefalopatia é mortal em mais de 80 por cento dos casos apesar da prescrição de um tratamento intensivo.

No comments: