Saturday, December 30, 2006

ADEUS ROBINHO

O sensacional texto abaixo eu li e guardei de um comentário num site de esportes à época da transferencia do craque Robinho para a Espanha. Infelizmente o nome do autor escapou, ainda assim o melhor reconhecimento que posso fazer é colocá-lo aqui para a postaridade.



Vá e se perguntarem, dê as suas razões! Durante 40 mil anos, o pateta sabia-se pateta e como tal se comportava. Os melhores pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Mas em nosso tempo, e só em nosso tempo, os idiotas descobrem que estão em maior número. E, então, investidos da onipotência numérica, querem derrubar tudo. Diz o bom Dr. Alceu que o grande acontecimento do século XX foi a revolução Russa. Errou. Houve e continua uma outra muito maior, sim, muito mais profunda: - A Revolução dos Idiotas. Nelson Rodrigues - 1962. Piraci Oliveira[1] Nas próximas semanas, inexoravelmente, assistiremos à triste despedida do atleta ROBINHO. Ele partirá para nunca mais voltar a jogar profissionalmente em nossos clubes. É impossível que ele fique, a despeito do esforço que vem sendo realizado pela competente diretoria de seu clube, mesmo sabendo que a perda avizinha-se a passos largos. É pena que ele, garoto jovem e inexperiente, não aproveite o momento para externar as razões que o faz partir. Entretanto, ROBINHO, caso, já na terra de Picasso, lhe indaguem por que deixou o Brasil: Diga a eles que atualmente vige lei que permite - não se sabe como - que um atleta seja "dividido" em vários pedaços, cabendo uma parte (talvez as pernas) ao empresário; outra parte (a alma?) a outros "investidores", uma terceira parte ao clube; e ainda uma quarta parcela a ele mesmo. A lei que hoje regulamenta o futebol é tão mal concatenada que, apesar de não autorizar, permite o fracionamento do atleta entre vários pseudo-investidores. É inexplicável, mas ocorre dessa forma. Diga a eles que em passado recente você possuía três ou quatro procuradores (espécie de feitor do séc. XXI), porque seus pais, premidos pela pobreza e ignorância reinante nos confins da Praia Grande, mas baseado em lei que não veda a formatação de grilhões a favor de "empresários", firmaram procurações sem conhecê-las e, o pior, por parcos trocados. Diga a eles que os clubes estão à míngua, enquanto o Congresso, para "destravar" a pauta, retira Medida Provisória que salvaria os clubes de futebol - componentes do patrimônio cultural brasileiro - das execuções fiscais que avançam sobre seus patrimônios por erros cometidos no passado que, se não saneados, farão desaparecer grande parcela das centenárias agremiações. Diga a eles que é impossível que haja planejamento e busca de investidores e parceiros às agremiações, no país em que, a cada ano - em média - há uma alteração na lei que regulamenta o desporto. Veja você: Em 1997 vigia a "Lei do Passe"; em 1998, surge a "Lei Pelé"; em 2000 a "Lei Maguito"; em 2002 a Medida Provisória 39; em 2003 surge a Medida Provisória 79; em 2003 nasce a "Lei da Moralização" e o Estatuto do Torcedor; em 2005 é editada a Medida Provisória da TIMEMANIA. Em oito anos, vigeram, ou vigem, oito comandos diferentes, atingindo a incrível média de um por ano! Isso sem contar os Projetos de Lei e o inenarrável Estatuto do Esporte, primor de incompetência. Diga a eles que, apesar da Constituição vedar, o Tribunal Desportivo da CBF é presidido pelo Juiz que nomeou seu filho, de dezenove anos de idade, para julgar assuntos relativos ao futebol. O filho do vice-presidente, também magistrado, recebeu o mesmo mimo. Diga que "marido e mulher" também dividem cargos na procuradoria do tribunal, mas que trabalham por "amor" ao esporte bretão, desprendidos de qualquer interesse. Não esqueça de mencionar que quem escreveu o Código Disciplinar, agora o aplica. Quem era julgador, atualmente, é procurador, mas lembre-se, é “tutto bonna” gente. Diga a eles que o Banco Central criou a competente "força tarefa" e está fiscalizando os clubes que não declaram eventuais valores recebidos pela cessão de atletas ao estrangeiro, baseados em Decreto assinado por Getulio Vargas quando o Congresso estava fechado pelo Golpe de Estado. Diga que essa zelosa "força-tarefa", impondo penas altíssimas às associações desportivas, não está envolvida com a fiscalização da recém constatada "operação-mensalão", gerada por um certo Marcos Valério. Diga a eles que no Brasil você não sabe qual o seu real salário, pois o licenciamento de imagem e o direito de arena, apesar de legalmente não serem considerados como verbas salariais, são assim enquadrados pela justiça trabalhista. Diga, por fim, que por aqui os clubes são obrigados a se transformarem em "empresas" para que - na cabeça dos ilustres deputados - haja transparência nas administrações, como havia no Banco Santos, na VASP, na Transbrasil, no Fundo 157 e, em especial, com a empresa de propaganda DNA,, aquela mesma, do Marcos Valério, avalista do PT, que recebeu 500 milhões em honorários do Governo Federal e pagou empréstimos de campanha. Há muito mais, mas podemos parar por aqui. Eles entenderão bem suas razões para deixar o Brasil. Nós, simples mortais, continuaremos em solo tupiniquim, combatendo os poderosos e lutando por um Brasil melhor. Quem sabe seus netos possam algum dia retornar e, ainda que falando em castelhano, desfilar por agremiações acionais. Por ora, só nos resta lhe desejar boa sorte e lucidez aos "idiotas", que nas palavras do Anjo Pornográfico: investidos da onipotência numérica querem derrubar tudo. Um Brasil ético é cada vez mais sonho distante. Vá com Deus, e pedale por lá. Nossos legisladores não o merecem.

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