Monday, October 10, 2011

1964 - Vó MARIA SCARCELLI DONATO


na foto acima, Vó MARIA SCARCELLI DONATO, ladeada por familiares em São Caetano, primeiro a esquerda, Tio Savério Scarcelli, irmão dela; Tia Antonia, esposa do Tio Savério, a prima Concheta, acho que o garoto é o Wagner..

Acho que foi no final de março, ou começo de abril de 1964. Ela estava internada, e nós fomos para S. Paulo de trem, de Tabatinga, mas não me lembro se era algum ramal da EFA, ou pela Douradense – o certo é que a chegada em SP foi pela CP, Cia Paulista, depois de subúrbio até São Caetano.
Mas me lembro bem de ter iniciado o ano escolar, no Grupo Escolar Professor Paulista, o primeiro ano da escola primária, e ao completar apenas os primeiros dias de aulas, nos mandamos para São Paulo. Foi meio que um abandono, creio que não foi bem visto pelos professores, eu no primeiro ano e o Mário no Jardim da Infância.
Quando retornamos, passei por um aperto danado, havia perdido mais de um mês de aulas, e vi na expressão da Professora que me levou para a classe toda a desaprovação delas. Mas logo na sequencia das aulas pude ir tirando o atraso.
Além deste pequeno incomodo escolar, o que pesou mesmo foi a perda da Vó MARIA. Diferentemente da Vó Rosa, com quem convivíamos diariamente, quase não a víamos. Me lembro sempre de uma de suas visitas, chegando pelo meio da praça, caminhando, velhinha, sozinha, carregando malas e presentes nas mãos. Hoje fico pensando como ela conseguia, pois a estação de trem não era assim tão perto de casa – uma das poucas distâncias significativas na pequena Tabatinga da minha infância – uma caminhada e tanto para a idade dela. Ela era sempre bem vinda. Sei pouco sobre ela, sua família em Dourado, nesta época eles moravam em São Caetano, creio que para ficar perto da família da filha mais velha, Tia Landa, IOLANDA DONATO DA LUZ. Infelizmente pouco há pra juntar em minha memória que possa trazer mais luz sobre a vida dela. O pouco que sei, vem de escassos relatos de meus primos mais velhos, de outros sobrinhos dela, sempre dando conta de uma pessoa bondosa, amorosa com os seus.
Minha mãe contava dela uma curiosidade – assim que se casou, recebeu da sogra dicas de como cozinhar para o Zuza (meu Pai). Ela devia retirar da panela os dentes de alho logo após refogar, ou seja, o sabor ficava no feijão, mas o alho propriamente dito tinha que ser descartado!!!
Quanto ao velório e enterro dela, o que me recordo é de não ter ido ao cemitério, nem tenho certeza quando fui depois, para conhecer o local de sepultamento.
Tem também a estranha história de uns 10 anos depois, quando o prazo pra ficar nas “gavetas” do cemitério de São Caetano expirou, e meu pai foi (de trem, como sempre) buscar os restos mortais de sua mãe. Ele a trouxe uma pequena maletinha de couro, e levou para o cemitério de Dourado, onde estava sepultado meu avo Pepê, e colocou-a no mesmo túmulo, este sim, definitivo, da família. Como pedreiro que era, fez tudo literalmente com as próprias mãos!
Eu tive a oportunidade de ver este tumulo quando era preparado para receber um terceiro morador, em 2006, Tio Pasqual Roque Donato.
Outra curiosidade interessante a respeito da data do falecimento dela, que nos colocou em São Paulo exatamente nos dias da deposição do Governo Jango, a malfadada “revolução de 64”. Incrível como um fato de tamanha importância na historia recente do país, pode nos passar tão desapercebido na época! Felizmente a memoria publica já colocou no devido ostracismo esta data!

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