Sunday, October 02, 2011

1963 - Ditão e o Enforcado


na foto acima, Vó Rosa, em plena maturidade,(anos 50) casada com o Ditão
Capitulo 3

1963 – DITÃO e O ENFORCADO


Duas mortes que marcaram minha primeira infância, cada qual com o seu peso, sua importância, e com seu significado. Ambas em Tabatinga, meu pequeno mundo, tão estreito em tamanho, porém suficiente para a minha idade!

BENEDITO VENANCIO, o Ditão era o marido da Vó Rosa (foto acima). Não sei quando, mas alguns anos (creio) de viuvez, e ela se “casou” novamente, pondo um fim ao período de solidão. Não sei a data exata do falecimento dele, mas suspeito que tenha sido entre os anos 1963 e 1964. Me lembro pouco dele, só que era um homem do campo, que lidava com animais, criações, carroças, talvez um boiadeiro, profissão típica da época. Talvez nem profissão certa tivesse. Uma curiosidade, é que me lembro melhor sobre o pai dele, do que sobre ele mesmo. Este era uma figura meio folclórica na cidade, um velhinho magro, agitadinho, chamado por todos de CANGACEIRO! Mais, não me lembro!!
O velório dele, acho, foi na sala da casa da Vó Rosa, na Rua 13 de Maio, esquina com a Episcopal.
O que eu teria aprendido com ele? Suspeito que nada. Então, o que eu teria aprendido dele? Uma figura humana de pouca instrução, cujos atos em casa, acaba antecipando a saída dos filhos mais velhos, por não aceitarem mais conviver com ele. E quais seriam os motivos? Apenas uma aparente rudeza, dose exagerada de egoísmo? Eu nunca soube, os adultos nos poupavam, felizmente.

O ENFORCADO
Creio que seu nome era GÉSUS, de uma das famílias mais importantes da cidade, comerciantes, políticos, fazendeiros, sei lá! Não citarei o nome da família porque pode ser que a minha memória, quase meio século depois, me induza a erro. Mas tem algo que me lembro bem: a visão, ao longe, de um homem pendurado na varanda de uma chácara. Pudemos ver ao longe, sem precisar ir até lá. Devido ser a cidade tão pequena, nós que morávamos bem na praça central, estávamos ao mesmo tempo a apenas 2 ou 3 quadras do fim da cidade, a zona rural morava ao nosso lado!!
E esta proximidade nos propiciou que víssemos a cena, ao longe. Me lembro da agitação de toda cidade em torno do suicídio. As especulações, possíveis motivos, dividas, razões familiares, felizmente novamente, os adultos nos pouparam!!
E assim, estava introduzido no meu pequeníssimo mundo um fator assustador: O SUICIDIO. E desta maneira, as mortes iam cumprindo um papel pedagógico na nossa formação!

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