Saturday, January 13, 2007

1965 GRUPO ESCOLAR PROFESSOR PAULISTA


“Enquanto o Diabo coçava um olho, Santa Teresinha com uma mão só, dava um nó na linha de costura, e, vapt!, estava pronta mais uma peça de roupa”
Para nós, os meninos de oito ou nove anos do segundo ano, (ou seria na classe do catecismo, afinal era a mesma professora) ficava claro que seria para os pobres as tais peças de roupa. E como não ter empatia pelo ditos pobres da historinha, afinal quem entenderia mais de pobreza que nós, pobres diabos, desvalidos de bens materiais? Esta historieta contada pela minha professora do segundo, ou terceiro ano primário, nos longínquos 1965/1966, no Grupo Escola Professor Paulista ainda está muito viva em minha memória. Talvez porque Terezinha era também o nome da Professora. E também porque seus olhos escuros brilhavam tanto, enquanto contava, que nos inflamava contra a maldade das coisas ruins deste mundo! Talvez pela euforia provocada pela mensagem, pois, afinal como uma simples Freira costureira, realizava a proeza de superar o Maldoso? Um enigma que nos deixava boquiabertos, alguns mais que a outros, é claro, afinal muitos deviam ser espertos para a idade. Mas a pureza da mensagem se apegava à pureza das crianças. Esta classe do primário, só de meninos é uma das boas lembranças de minha infância. A vida adulta, tão cheia de fatos, repleta de atos não costuma deixar muito tempo para a memória. A julgar pela opinião da Carla, até pode parecer que nem tive infância, pois quase não a cito. Na verdade, até espero, por vezes, poder contar com o beneplácito do esquecimento (para as besteiras que cometi). E acho que comecei cedo, (a cometer besteira).
O ano era 1968, emblemático para muitos, mas para mim, marcou a passagem prematura, de uma vida domestica, sob o controle da mãe, para uma liberdade nem sempre bem administrada. O mundo fervilhava no campo ideológico, no político, tanto no exterior quanto aqui no Brasil, onde os militares pondo as suas desastradas asas sobre a sociedade, promulgavam A.I.’s e abusavam de nós. Eu nem tinha consciência de nada disto, (que falta faz a impressa livre, TV e Internet), mas ainda guardo a carteirinha do Grêmio Estudantil, e até poucos anos atrás ainda tinha a lista de candidatos, onde apareço como membro da chapa eleita nem sei por que cargas d‘água!!!
Acho que desde então, virei adulto, meio antes da hora! Uma pena, mas virei. Irreversível.
E desde então, as memórias da infância ficaram meio de lado. Mas que existem, existem. Seria uma boa hora para elas voltarem.
Talvez ao me recordar de coisas boas, possa encontrar junto, um pouco de bondade, virtude, pureza, e outros ingredientes do ambiente daquela época. Creio que vou me recordar também de algumas coisas, que, se não podem ser classificadas como tão boas, ao menos, tem seu lugar no curso de minha vida e serviram como lições de vida. Que afinal, pelas ingenuidades que continuo cometendo mesmo depois de adulto, acho que não foram suficientes.
Naquela época, eu estava descobrindo a vida. Literalmente. E, creio que foi através das pessoas, do panorama humano que me cercava, que eu devo ter tirado minhas primeiras lições de vida. Afinal, sem a dona TV para ditar comportamento, tínhamos que colher do ambiente quase tudo que necessitávamos para um caráter em formação!!
Este período de minha vida, tão precioso, poderia render muita história. Pretendo postar alguns casos curiosos, que, apesar do restrito interesse pessoal, talvez venha a ter algum interesse no futuro para os de minha familia.

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