Thursday, January 04, 2007

CASOS PARA PENSAR 1) PETER

ALGUNS CASOS PARA PENSAR:
1) PETER: Uma das minhas mais gratas lembranças da missão é da designação para fazer parte do grupo de 6 Élderes enviados pelo Presidente Helio da Rocha Camargo, em meados de 1978 para reabrir a cidade de Campos, norte Fluminense. (Hoje Campos dos Goytacazes). Pelos registros da Missão, haveriam na cidade pelo menos 3 famílias em condições de freqüentar a Igreja, 2 delas remanescentes do primeiro período dos anos 60, quando a Igreja estivera aberta, por um breve período. Fomos em 3 duplas e tocou a mim e meu companheiro (Elder Osmar Coelho) ficar com a família do Irmão Vanderlan de Araújo, constando de sua esposa, a Irmã Elba, seus filhos Peter e Vandinho. Peter era ainda pequeno, e Vandinho nem nascido, quando seus pais se filiaram a Igreja nos anos 60, portanto não eram ainda batizados, tornando-os assim os primeiros candidatos à pia batismal.
Nós ensinamos outras pessoas, indicadas pela família Araújo, e as batizamos. Ensinamos aos meninos e outros familiares, mas somente o mais novo Vandinho aceitou o Batismo. Eu me afeiçoei muito a ambos, principalmente ao Peter, era como se fosse meu irmão mais novo. E eu tinha deixado irmãos menores como ele em casa. O Peter demonstrava uma opinião muito forte. E não aceitava a Igreja.
Mas tínhamos muito em comum, apesar da diferença religiosa. Eu gostava muito dele, ele demonstrava uma personalidade muito correta. Era aparentemente tudo que uma família pode esperar de um filho: disciplinado, respeitador, estudioso, inteligente e também passava uma certa tendência religiosa.
No meu ultimo dia em Campos, após uns 5 meses de convivência com eles, ao me despedir na rodoviária estávamos tristes, eu e o Peter. Na despedida, deixei-o por último e disse a ele que o amava como a um verdadeiro irmão, independente dele se batizar na Igreja ou não. Ainda me lembro da expressão de satisfação dele por ser aceito como ele era. Mas ainda no ônibus me arrependi um pouco da maneira como dissera isto ao Peter. Estava deixando uma janela enorme para ele se sentir bem, sem o compromisso da Igreja. E senti um receio de que ele jamais viesse a se batizar, pois foi esta a sensação que tive na hora. Pelo que soube nos anos seguintes ele nunca se batizou, para desgosto de seus pais, membros firmes. Até hoje, passados tantos anos, ainda nada sei sobre ele, e quase nada sobre seus pais.
É uma sombra de duvida que levarei para sempre comigo. Mas maior é minha convicção sobre a liberdade da alma humana. E do valor individual do Peter. Acho que o encontrarei ainda. Não sei em que condição estaremos ambos. Mas o sentimento em meu coração ainda é bom e consolador em relação a ele e ao seu futuro. E sei que no plano de salvação há um lugar reservado para ele. Só que espero tenha permanecido dono do mesmo caráter justo e bom.

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