Saturday, January 13, 2007

Episódio 2: A briga no coreto (Lição Empatada?)

Parece que todo moleque em idade escolar tem que ter enfrentado alguma briga. Um duelo, seja no recreio, na rua, na saída, enfim, algo que seja digno de registro, e que alimente o ego masculino. Melhor ainda se puder alegar que foi por alguma causa nobre, um motivo justo. Caso não seja assim, que seja como for. Geralmente não há do que se arrepender, pois sempre se aprende algo com estas escaramuças infantis. Mesmo que seja aprender que não devia ter brigado.....
Comigo não foi diferente, mas bem que eu tentei. Nunca gostei de enfrentações, evitava como podia os conflitos, até mesmo sacrificando o convívio com alguns dos colegas. Mas não é que um belo dia (noite, na verdade) eu estava de briga marcada com um menino mais velho, mais forte e nem sabia direito o porque. Até acho que nem ele sabia. Menos mal que ele fosse da “turma do bem”, não era daquele grupo dos mandões da escola, que se impõe a tudo e todos. Mas que intriga podem ter achado para me envolver numa briga com o Carminho (estou em duvida com o nome)? Ele ajudava alguém da sua família que tocava o cinema da cidade (Cine Brasília), e a briga estava marcada para perto do coreto do jardim de cima (o coreto novo, onde nós jogávamos bolinha de gude, não o antigo do jardim de baixo e cheio de balaústres e ornatos de cimento) para logo após a entrada do filme daquela determinada e fatídica noite.
Enquanto eu tentava racionalizar, sonhando com uma saída sem socos, eis que recebo o primeiro, na cara. E, lá fomos para o chão, rolando e se socando. Foi tudo muito rápido. Da mesma maneira que não sei até hoje o motivo da briga, não sei também porque parou tão rapidamente. Entraram os da turma do deixa-disso e nos separaram. A platéia era formada por alguns meninos da minha classe e da dele. Se divertiram com a armação toda, embora sem maiores conseqüências, até porque ocorreu fora da escola e do alcance de qualquer adulto. Da mesma maneira que nunca tivemos tantos contato antes, continuamos sem nos falar muito e nunca esclarecemos nada. Mas a irmã dele continuou minha amiga, a Carmem, pois éramos da mesma classe desde o jardim.
Não que esta briga possa ter acrescentado qualquer coisa de bom em meu caráter, longe disto aliás. Mas constará sempre do meu currículo interior, aquele que realmente conta. De alguma maneira entrou para o folclore das coisas bobas da minha infância.

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